Na última quarta-feira, 20, o relógio já ultrapassava às 22h15 quando se encerrou a última aula conteudística da matéria de Antropologia Jurídica, no Curso de Direito, lecionada pela profa. Dra. Abda Medeiros. Intitulada como encontro especial sobre Identificações e Migrações, ultrapassou fronteiras estaduais e nacionais, trazendo como convidad@s a comunicadora social venezuelana Adriana Duarte Bencomo, a profa. Dra Vângela Morais (Curso de Jornalismo da UFRR), o prof. Me. Alisson Assunção (FVJ), o coordenador adjunto do curso, prof. Me. Francisco Silva (FVJ) e o diretor-geral da instituição Antonio Henrique Dummar Antero.
Com significativa participação das alunas e dos alunos que escutaram atentamente os relatos sobre os territórios existenciais, os pluripertencimentos e as redes comunicativas que se estabelecem mediante os fluxos migratórios, vários questionamentos foram feitos pelos professores presentes, principalmente no que diz respeito à alteridade, as governabilidades e os estereótipos que surgem como potencializadores ou obstáculos à aceitação da diferença.
Por meio de reflexões refinadas pela Ciência e o olhar crítico sobre as experiências migratórias atuais, apontando os venezuelanos como os principais sujeitos históricos na atual cartografia brasileira, seguidos de sírios, coreanos, haitianos, chineses etc, desconstrói-se a leitura convencional de que as migrações são motivadas exclusivamente por questões econômicas. Vários são os sentidos para esses fluxos, sendo o principal a questão da sobrevivência, como bem pontuou Adriana Bencomo.
Nas palavras da profa. Vângela Morais, o papel da academia é de fundamental importância sobre os usos dos meios digitais como canais comunicativos alternativos que tragam em seus textos e imagens, as narrativas de como os migrantes pensam, sentem e agem, de forma a dialogar com o seu contexto cultural originário e o atual, bem como desconstruir as barreiras etnocêntricas tão recorrentes sobre essas identidades em movimento.
Tanto para os professores Alisson e Francisco Silva, como para Antonio Henrique, as trocas de saberes com essas pessoas deslocam a reflexão sobre nós mesmos que os acolhemos, a perspectiva crítica sobre as visões negacionistas sobre seus países de origem e mais, transbordam os argumentos racionais colocando em foco os afetos que mobilizam os territórios existenciais de cada migrante, inspirando-nos a pensar o lugar de fala, as lutas que escolhemos a cada dia e os meios pelos quais construímos nossos processos de identificação.
Sob a perspectiva das alunas e dos alunos que participaram do encontro ficaram as lições de vida que ecoaram nas falas de Adriana e Vângela, a reflexão sobre as cosmologias de sentidos da experiência migratória e, acima de tudo, a gratidão pelos saberes compartilhados que somente a distância, tendo como mediação os meios digitais, nos aproximam e colocam cada indivíduo como sujeito de sua própria história pelos caminhos errantes que atravessamos nestes tempos extremos.
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